domingo, 4 de abril de 2010

Conheça os PROCURADOS pela IMPRENSA - GANGUE DO RIVAS



Por decisão do juiz Pedro Sakamoto que atendeu ao pedido do deputado estadual José Riva (PP), este blog está CENSURADO e impedido de comentar qualquer um dos 118 processos do senhor José Riva. A decisão foi reiterada no Tribunal de Justiça de Mato Grosso, pelo desembargador Carlos Alberto da Rocha, que viu “consistência na CENSURA”. Portanto, cumprindo a determinação da Justiça de Mato Grosso, republico abaixo a matéria de Fábio Pannunzio, sem “emitir opinião pessoal”.


Por Fábio Pannunzio no Blog do Pannunzio


Você já deve ter ouvido falar que um juiz pode decretar segredo de justiça sobre um determinado processo para resguardar o interesse das investigações ou a privacidade de uma das partes. Você já deve ter ouvido falar que a imprensa, em casos que inspiram clamor público, pode deixar de publicar informações que ponham em risco a vida ou algum interesse coletivo que se coloca acima do interesse jornalístico. Casos de sequestro, por exemplo. Muitas vezes a imprensa é avisada do desenrolar de uma investigação e não publica nada até que o refém esteja seguro.

Em países onde a liberdade de imprensa é cláusula pétrea, o instituto do off the record vai além de um compromisso tácito entre a fonte e o jornalista. Na iminência de uma guerra, por exemplo, o governo dos Estados Unidos convoca os setoristas da Casa Branca, faz um briefing e pede o embargo da informação. O embargo é respeitado. Ninguém se preocupa em furar ninguém porque aquela informação tem um interesse estratégico — a publicação antecipada poderia afetar a segurança do próprio Estado.

Há muitas razões de ordem ética, legal ou moral que podem levar um jornalista a não publicar uma informação. Mas nenhuma delas torna aceitável criar uma couraça em torno de uma autoridade para blindá-la de seus malfeitos na vida pública. No Brasil, parte da imprensa sobrevive justamente desse tipo de expdiente.

Veja o que ocorre em Mato Grosso, estado com três milhões de habitantes e uma institucionalidade viciada por todo tipo de pecado. Os jornais de Cuiabá, todos eles, sem exceção, são verdadeiros instrumentos para o acobertamento de fraudes cometidas por políticos. Nem mesmo fatos públicos são noticiados. Por exemplo, os processos que correm na Justiça contra o deputado José geraldo Riva. O maior ficha-suja do País tem contra si 118 ações civis e penais. Mas os jornais não noticiam nada que possa causar incômodos a ele.

Cabe ressaltar que os 118 processos e as quatro condenações que o incumbem tiraram seus direitos políticos, cassaram seu direito de disputar eleições, impediram-no de assinar cheques e atos administrativos da Assembléia Legislativa que dirige e bloquearam seus bens. Mas a sociedade matogrossense não tem o direito de saber que isso tudo aconteceu porque os jornais nada noticiam sobre Riva, a menos que seja para paparicá-lo.

Caso notório é a ausência completa de informação sobre os processos que esse deputado ficha-suja move contra este Blog, o Prosa e Política e a Página do E. As três página eletrônicas são acusadas de assacar contra Riva simplesmente porque relatam os malfeitos que grassam em sua biografia. De acordo com o Ministério Público, Riva é um prodígio de múltiplas improbidades. Mas o cidadão matogrossense continua pensando que ele é um santo, porque só encontra elogios ao político nas páginas dos jornais.

Fico aqui refletindo sobre o que leva o leitor a assinar um jornal em Mato Grosso. É curioso o fato de alguém pagar pela informação e não tê-la. Financiar a máquina que robustece a blindagem de Riva e outros políticos “improbos”, para ficar num adjetivo que lhe colou a Justiça ao condená-lo. Aqui em Brasília, nas duas vezes em que o Correio Braziliense tomou o lado dos bandidos e escondeu informações, um forte movimento de cancelamento de assinaturas forçou o jornal a abandonar o pacto de cumplicidade que mantinha com o governador — hoje presidiário — José Roberto Arruda.

O mesmo instrumento de pressão está ao alcance de qualquer cidadão. Quem regula os jornais é a demanda dos leitores, que pagam as assinaturas e consomem os produtos anunciados pelos periódicos. Mas isso, pelo menos até onde eu saiba, também não acontece em Mato Grosso. É difícil supor que toda a sociedade matogrossense tenha se acumpliciado com quem há quase duas décadas assalta o cofre onde são depositados os impostos. — e não se importe com isso. Se alguém desvia dinheiro público, alguém está sendo roubado. Portanto, não pode haver vantagem para todos na manutenção de um sistema como esse.

A falta de eco na imprensa para os assuntos que dizem respeito à atividade criminosa de Riva, no entanto, tem um fato gerador claro. O político mais processado do País não tem nenhum opositor no parlamento. Nunca, desde sempre, alguém ocupou a tribuna pra denunciar os desmandos da quadrilha que , segundo o Ministério Público, desviou mais de R$ 80 milhões. Quadrilha, aliás, cujo comandante-em-chefe, segundo as peças de acusação e as sentenças já prolatadas, é censor-mór José Geraldo Riva.

Com o silêncio acumpliciador dos colegas, o Legislativo de MT segue prevaricando em relação ao que já está mais do que comprovado. Tome-se em conta, por exemplo, que duas semanas atrás um desembargador foi aposentado compulsoriamente pelo CNJ porque empregou os filhos em sinecuras-fantasmas. Quando veio a cláusula antinepotismo, o mesmo juiz abrigou seus rebentos sob cargos fictícios arranjados por esse Riva. Eram notórios funcionários fantasmas. A irregularidade, no entanto, não mereceu um movimento da Corregedoria da Assembléia, uma representação ao Conselho de ética contra o presidente da Casa, nada. É como se empregar fantasmas não fosse suficientemente grave para valer um processo por quebra do decoro parlamentar. É como se as autoridades tivessem se despido da obrigação de denunciar irregularidades na administração da Coisa Pública

Um detalhe importante: Riva, que assinou os atos de nomeação dos filhos do magistrado, tinha vários processos sendo julgados por ele.

Para os jornais de Mato Grosso, esse fato não é suficientemente grave para justificar a apuração e a publicação de uma reportagem. Mas eles têm coragem suficiente para reproduzir os posts das agências de notícia que davam conta da vida pregressa de outro parlamentar, o Senador José Sarney, em processos muito semelhantes. Por que falam de Sarney e não falam de Riva, cuja conduta é muito mais sediciosa do que a do atual presidente do Senado ?

O mesmo vale para os deputados estaduais de Mato Grosso. Todos eles, sem nenhuma exceção. E para os federais, que jamais ocuparam a tribuna da Câmara para se manifestar a respeito. E os três senadores que, da mesma forma, jamais deram um pio para contar ao País o que acontece nos subterrâneos da política matogrossense.

Foi esta grande omertá o principal responsável pela instituição desse estatuto antirrepublicano, o segredo de imprensa, que Mato Grosso há de legar como uma mácula indelével para a história deste País.


http://www.prosaepolitica.com.br/2010/04/03/segredo-de-imprensa-por-que-os-jornais-se-tornam-cegos-surdos-e-mudos/comment-page-1/#comment-20537

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